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Renato Cariani usava nomes de crianças para fraudar compra de hormônio de crescimento, aponta investigação da PF

 De acordo com inquérito, influenciador participava de diversos esquemas fraudulentos. Troca de mensagens para conseguir medicamento de forma irregular foi anexada à denúncia por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Cariani foi indiciado em janeiro deste ano e responde em liberdade.

Influencer fitness Renato Cariani — Foto: Reprodução/Instagram/@renato_carian

Influencer fitness Renato Cariani — Foto: Reprodução/Instagram/@renato_carian

A Polícia Federal encontrou trocas de mensagens entre o influenciador fitness Renato Cariani e uma mulher, identificada como Elen, parceira de negócios dele, que indicam um esquema fraudulento para compra de remédios com descontos, dentre eles, o Norditropin, conhecido como “GH”, que é um hormônio de crescimento.

O influenciador usava nome de crianças para conseguir o medicamento.

"Amiga, consegue dois nomes de crianças com os dados dos pais para mim, por favor. Preciso comprar mais daquele medicamento", escreveu ele.

As trocas de mensagens ocorreram em julho de 2017 e foram anexadas ao inquérito da PF como mais uma das irregularidades e fraudes cometidas por Cariani.

Ele foi indiciado por suspeita de desvio de produtos químicos para a produção de toneladas de drogas para o narcotráfico (entenda mais abaixo).


Influencer e mais dois indiciados

Em janeiro deste ano a Polícia Federal de São Paulo concluiu o inquérito contra o influenciador. O relatório final terminou com o indiciamento dele e de mais dois amigos pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Além de Renato, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth são acusados pela PF de usar uma empresa para falsificar notas fiscais de vendas de produtos para multinacionais farmacêuticas. Os insumos eram desviados para a fabricação de cocaína e crack, drogas que, de acordo com a investigação, abasteciam uma rede criminosa de tráfico internacional comandada por facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Renato e Roseli são sócios da Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. , empresa para venda de produtos químicos em Diadema, Grande São Paulo.

A investigação não pediu as prisões dos três indiciados. Todos respondem em liberdade.

A conclusão da PF foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que poderá ou não denunciar o grupo pelos crimes. Caberá depois à Justiça Federal decidir se o trio deverá ser julgado pelas eventuais acusações.

Segundo a PF, eles teriam conhecimento e participavam diretamente do esquema criminoso. A investigação informa ter provas do envolvimento deles a partir de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial de conversas e trocas de mensagens.

À época, a defesa do influencer alegou, por meio de nota, que o indiciamento "ocorreu de forma precipitada, há mais de 40 dias, antes mesmo de Renato ter tido a oportunidade de prestar esclarecimentos".

A defesa de Roseli Dorth, sócia do Cariani, também afirmou que "as conclusões da Polícia Federal são gravemente equivocadas". O g1 não conseguiu contato com Fábio Spinola Mota.

Como funcionava esquema

Fabio Spinola é apontado pela investigação como responsável por esquematizar o repasse dos insumos entre a Anidrol e o tráfico. Segundo a PF, ele criou um falso e-mail em nome de um suposto funcionário de uma multinacional para conseguir dar continuidade ao plano criminoso. Antes, ele já tinha sido investigado pela polícia por tráfico de drogas em Minas Gerais e no Paraná.

De acordo com a Polícia Federal, parte do material adquirido legalmente pela Anidrol foi desviada para a produção de entorpecentes entre 2014 e 2021. Para justificar a saída dos produtos, a empresa emitiu cerca de 60 notas fiscais falsas e fez depósitos em nome de "laranjas", usando irregularmente os nomes da AstraZeneca, LBS Laborasa e outra empresa.

A investigação apontou que em seis anos foram desviadas cerca de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol, substâncias usadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.

A PF começou a investigar o caso após a Receita Federal verificar depósitos suspeitos de mais de R$ 200 mil feitos pela AstraZeneca para a Anidrol. A multinacional negou, no entanto, que tenha comprado os produtos da empresa do influencer Renato e de sua sócia.

A investigação identificou mais suspeitos de participarem do esquema criminoso, mas ainda não os indiciou porque espera juntar mais provas contra eles. A PF também busca saber onde a droga foi comercializada depois e por quem.

No ano passado a Polícia Federal fez a operação Oscar Hinsberg de combate ao grupo criminoso, cumprindo mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal em imóveis em nome dos três suspeitos. Foram apreendidos equipamentos eletrônicos e objetos que depois passaram por análises dos peritos.

A investigação foi feita pela equipe do delegado Vitor Beppu Vivaldi, da Delegacia de Repressão a Drogas da Polícia Federal em São Paulo.

Ele chegou a interrogar Renato e e os outros dois investigados em 2023. Durante a investigação, a PF chegou a pedir à Justiça as prisões de Renato, Fabio e Roseli, mas a Justiça negou.

Fonte:g1.globo.com